O dia em que eu disse que estava bem mas não estava foi hoje. Perguntaram-me se estava tudo e eu com um sorriso, disse que sim mesmo sabendo que nada estava bem. Sentia-me perdida numa floresta escura onde só o som do vento a bater nas árvores e as corujas se ouviam. Não estava ninguém, sentia solidão. Sem um abraço por ser dado ou por dar, caminhei em busca de um sítio com luz, onde pudesse repousar e sentir-me bem e feliz.
O dia não foi fácil de ultrapassar e as horas pareciam arrastarem-se de propósito só para sentir mais sofrimento. Cada vez mais me apetecia chorar mas não podia, porque saberia que iria ter uma multidão à minha volta a perguntar-me o que teria. Como não queria dar explicações a ninguém, tentei animar-me e esquecer todos os problemas que me afogavam naquele mar cheio de marés negras.
Mas cada minuto que passava sentia que os meus pés iam descolar do chão e os meus olhos iriam cegar, por estar tão perdida, sem norte nem sul, com dor. Sentia que se alguém me perguntasse alguma coisa, iria sair coisas sem sentido nem para mim nem para ninguém. Como pensava, os meus olhos começaram a falhar-me e não conseguia ver para que direcção virar ou seguir. Ao cair da noite sem pudor, vinha a sentir-me cada vez mais fraca e sem noção nenhuma do que tinha a fazer ou o que tinha feito. E agora situo-me aqui presa, em frente a esta folha, onde deixo fluir palavras de dor e que em tempos foram palavras de paixão.
Queria parar de escrever sobre esta dor que me ocupa por todos os lados e escrever algo produtivo e bonito. Mas nada mais me ocupa a mente do que este sentimento sem sentido nenhum, pelo menos para mim.
Não sou capaz de acreditar em mim e nunca tive orgulho no que faço ou no que digo. Nunca me deu para dizer que sou linda e que gosto de mim como sou. Talvez goste de como sou, mas não o suficiente para sentir orgulho de mim, para acreditar em mim. Sou apenas uma rapariga sem noção do que acontece à sua volta. Sinto-me sozinha a todos os instantes, mesmo que esteja rodeada de pessoas de todos os tipos e aspectos. A cada momento aperta-me, cada vez mais forte, o peito cheio de dor, descompassado e farto de gritar por ajuda. Estou a morrer por dentro e não sei como e quem poderá cuidar disso. Pensando melhor, ninguém nem nada poderá fazer alguma coisa sobre isto, estou a desfalecer a cada momento que passa e não há nada que se possa fazer. A respiração para mim já não é um acto que tenho que fazer para sobreviver, é apenas um movimento que estou habituada a fazer. Sinto-me mal e não me importo de estar a desfalecer. Pode ser que a dor desapareça.
com amor,
agnes.
ps: esta é a minha composição para português. o que acham?